terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Embora façamos parte de um todo, de um conjunto, de uma espécie, somos incumbidos da árdua tarefa que é o desenvolvimento pessoal e intrínseco, contribuindo ainda para o progresso da espécie e do mundo.
É que tudo o que existe nos envolve e move, nos afecta e por isso projecta, nos consome e promove. O que seríamos afinal sem as nossas lutas diárias, o nascer e pôr do sol diário, o brotar das flores na primavera, o beijo de boa noite da mãe e o abraço sentido que nunca existiu do pai, a descoberta de uma estria recente, o filho que nasce, a mãe que morre por isso o beijo que já não existe, ou existe mas já não nos é permitido, o pai que tem uma doença terminal e assim já nos abraça freneticamente? A morte desperta, ou pelo menos a sua antecipação. O filho que cresce e abandona o ninho, o assinar dos papéis do divórcio, a casa vazia e a solidão que se instala, a primeira ruga e as hérnias discais... Eu e tu e todos nós que existimos e deixamos de existir como um fósforo que subitamente se apaga.
Tudo isto constitui o meio e tudo isto constitui a hereditariedade porque minha mãe faleceu de cancro no colo do útero e a probabilidade imensa, o desespero exacerbado. O resultado do exame que chega e uma impotência que não cessa, uma agonia desoladora, o médico que diz
- É hereditário...