domingo, 1 de janeiro de 2017

O que 2016 me trouxe...

Não sou de fazer balanços anuais nem como as religiosas doze passas. Odeio passas e não tenho desejos para este ano. Entro livre e aterro neste ano com os dois pés, mais assentes que nunca.

"O medo cresce na nossa cabeça e alimenta-se da nossa vontade. Mostra-lhe o lugar que não tem. Sobrevive-lhe." Passaram quatro anos, não foi? Ainda sinto o calor do teu abraço depois daquela manhã de tensão. Um abraço sobrepõe-se a tudo o que nos falta. Ainda hoje... Acordei e percebi que não me falta nada. Não falta mesmo, vê bem. Tenho casa, tenho trabalho, tenho carro, viagens e passeios de fim de semana (enquanto tiver trabalho), tenho uma família que me adora e que eu amo, tenho a Cavalleria Rusticana como despertador,- sei que isto para ti não interessa nada mas quantos têm o gosto musical treinado para sequer conhecerem esta obra prima?-, vou rabiscando uns sei lá o quê como estes até que o alzheimer chegue devagarinho, pé ante pé, me toque de mansinho e meta a moedinha para me lavar o cérebro, amigos conto-os pelos dedos de uma mão e sobram-me. Felícia, mulher muito sapiente e dona de si, diria

- Amiga é a minha barriga e há-de doer!

não tenho nenhuma tarântula a quem tenha de dar justificações, não gasto dinheiro a dobrar no dia dos namorados. Celebro o amor que tenho à vida, pego na nela e vamos comemorar com um jantar romântico num lugar escolhido por mim, claro está. Ela informa-me que passa os dias satisfeita, portanto restringe-se apenas e só a fazer-me companhia. E eu gasto pouco dinheiro pois também pouco como. É uma experiência formidável, podes crer. Ocorreu-me no ano passado,- ainda me é estranho dizer isto- e resultou. Não houve discussões nem nenhum

- Oh meu deus, não devias ter gasto tanto dinheiro comigo.

Posto isto, onde é que eu ia? Ah sim! Como bem podes constatar nada me falta. Eu sabia que nada me faltava até lembrar que existia o teu abraço. Um abraço sobrepõe-se a tudo o que nos falta.

E a verdade é que não me faltaram abraços este ano, aqueles que dei e os que recebi. Inacreditavelmente na mesma proporção, porque quando damos um abraço nem sempre obtemos o retorno. Por vezes parece. Ia sendo ma na fondo. Os meus foram abraços de orgulho, de carinho, de gratidão, de amor, abraços que me teletransportaram por segundos, abraços que comprimiram o esqueleto e elevaram a alma.
Percebi finalmente que números não passam de estruturas ilusórias e recordo com orgulho as palavras da J.

- Sempre mas enquanto precisares de mim.

Foi assim que

- Encontramo-nos noutro sítio.

Nunca mais nos cruzámos. Só lhe queria dizer que esta foi uma das vitórias que marcaram o ano dois mil e dezasseis.

https://www.youtube.com/watch?v=eBGAxnp7xZw


C.V. 01/01/17

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