sexta-feira, 4 de março de 2016

O capítulo final (finalmente) e a revisão

Sobreviva quem souber, salve-se quem puder.

(...)

Ontem
- Felícia, ele tem outra
Hoje
- Felícia, ele tem outra
A subida do Camões que diz
- Felícia, ele tem outra
Até o maluco da Rua do Ouro
- Metes-te ao jeito... Olha no que deu. Oh dona, era mais que previsível que ele tinha outra
A Amália! (Deus lhe dê o merecido descanso) aos tombos, pobre defunta
- Sempre disse que havia muito espinho naquele florido todo. Vais pela estupefacção e deslumbramento inicial... Olha no que deu. O meu sexto sentido nunca falha!

(...)

1932, 14 de Setembro

Gosto de ti, mas ontem meteram-se uns assuntos por intermédio que me fizeram não ter tempo para te escrever.
O contabilista não dá uma para a caixa e ainda chamo eu àquilo um contabilista. Até a minha avó zarolha fazia figura mais bonita. Ai não! E depois o trânsito. E depois os travões que falharam. E depois uma amiga que demorou duas horas para me prestar auxílio. E depois o jantar como forma de compensação. Olha que fiquei bastante agradado, é uma boa companhia, sabe estar, sabe falar... Pareces tu. Mas eu gosto é de ti.

(...)

Gosto de ti. Garanto que gosto. Juro por tudo o que de mais sagrado existir que gosto de ti.

(...)

Quando cheguei a casa tinha o correio em cima da mesa e mal dei com os olhos no primeiro envelope a temperatura ambiente deve ter subido para lá de 10 graus. Ela não abriu mas ficou suspensa sobre o que a carta poderia conter. A verdade é que ela nem precisou de abrir e tu sabes o motivo. Aconteceu que vi-me entre a espada e a parede. Melhor ainda, entre o confortável e o desconhecido, sejamos honestos. Deixando-me só, obrigou-me
- Ou eu. Ou ela. Simples. Muito simples.
E a resposta tu também já sabes. Desculpa-me a cobardia.

(...)

Catarina Virgílio. A 4 de março de 2016


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