segunda-feira, 27 de junho de 2016

"O Grande Gatsby", F. Scott Fitzgerald

Sorriu compreensivamente- muito mais que compreensivamente. Era um daqueles sorrisos raros, com uma nota de confiança eterna, com que só nos deparamos umas quatro ou cinco vezes na vida. Encarava- ou parecia encarar- num único instante, o mundo eterno no seu todo, e depois concentrava-se em nós, com irresistível predilecção. Compreendía-nos até onde queríamos ser compreendidos, acreditava em nós como gostaríamos de acreditar em nós próprios, e assegurava-nos que tinha de nós aquela imagem que, nos nossos melhores momentos esperávamos projectar. Precisamente nesse ponto desaparecia- e eu contemplava um jovem vigoroso e elegante, um ou dois anos além dos trinta, cuja rebuscada formalidade no discurso por pouco não se afigurava absurda. Momentos antes de se apresentar, fiquei com a nítida impressão que escolhia as palavras com todo o cuidado.

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