quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

A procura de uma identidade

Existe um lugar que jamais esquecerei. É exatamente onde me encontro hoje.
Subitamente consciencializo-me de que foi realmente aqui, rodeada do inimaginável, que alcancei o sentimento de felicidade no seu estado mais casto.
A única dor da qual me recordo foi a de um joelho esfolado, fruto das brincadeiras indissociáveis da idade na época. O local da queda ainda persiste no meu consciente, porém deixou de ter essa função: a de alguém tropeçar nele. Na verdade, já nada tem nenhuma função no interior destas grades, com exceção da velha nespereira que continua a sua produção anual.
Esta desfuncionalidade mantém-se e hoje tece um quotidiano insípido e sombrio.
Há dias em que olho para o meu semblante refletido numa porta de uma casa, numa janela que se esqueceram de abrir, e pergunto-me: Serei eu funcional perante o mundo? Ou será que o conceito utópico de perfeição me não deixará alcançar a paz de espírito que insistentemente procuro?
Defronto-me com alguém que não conheço, e surge a dúvida se alguma vez conhecerei.

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